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quarta-feira, novembro 07, 2007

O marketing social…




Por razões meramente culturais ainda se confunde ‘marketing’ social com filantropia ou “amor à humanidade”.

Bruno Valverde Cota

Numa economia de serviços como a nossa as diferenças entre produtos e serviços são mínimas e irrelevantes. A reputação e prestígio da empresa são factores cada vez mais valorizados e importantes. Para Wolff Olins ‘the next big thing in brands is social responsibility’ e eu não poderia estar mais de acordo. Todavia, quando como algumas empresas com o objectivo de somente reforçarem a imagem institucional gastam uns milhões de euros em projectos sociais e investem 10% no projecto social e 90% em comunicação, isto será responsabilidade social? Quantos projectos sociais poderiam ser apoiados e concretizados se a combinação fosse inversa? E, certamente, tendo também como consequência uma imagem reforçada e melhorada da empresa! Por razões meramente culturais ainda se confunde ‘marketing’ social com filantropia ou “amor à humanidade”. Mas, indiscutivelmente, para mim o desafio das empresas e organizações – das marcas–, está ao nível do ‘marketing’ social. Enquanto que normalmente a responsabilidade social é vista como um conjunto amplo de acções em prole da sociedade, em termos económicos, sociais, educacionais, meio ambiente, saúde, transportes, entre outras, com benefício mútuo entre a empresa e a sociedade. O ‘marketing’ social, utilizando técnicas de ‘marketing’, tem como objectivo a mudança de comportamentos da sociedade para o bem social. Desta forma, no mundo actual as marcas deverão ser utilizadas como modelos referenciais de um papel social pró-activo. Em paralelo, a tentativa das marcas adoptarem esta postura social está a transferir para os consumidores o poder de influenciarem o comportamento das empresas. Estudos internacionais realizados pela Environics demonstram este novo perfil do consumidor, face à responsabilidade social das empresas. Enquanto que nos EUA 42% dos consumidores declararam que castigam as empresas socialmente “irresponsáveis”, quer através do boicote aos seus produtos, quer através do “boca a boca” negativo, na Europa já 25% penalizam de forma interventiva estas práticas empresariais. Por outro lado, está claro também que assistimos hoje a um fenómeno crescente e mundial em que as empresas estão mais preocupadas com a prestação de “contas sociais”, evoluindo de uma abordagem de conformidade para uma abordagem mais estratégica. No entanto, vejamos um exemplo que não deve acontecer, publicado no Financial Times em 2000. O Barclays anunciou, apenas duas semanas após ter iniciado a campanha ‘the bank is big’, que iria fechar 250 balcões e despedir 7.500 empregados. Isto de facto, socialmente, não significa ser grande!

As conclusões a retirar deste caso são do senso comum. Uma empresa não poderá comprometer a confiança que a sociedade lhe depositou, comprando os seus produtos e serviços, e esperar sair ilesa. Um bom exemplo em Portugal é o do Banco Espírito Santo que tem evidenciado um papel dinâmico na sociedade através do desenvolvimento de políticas de mecenato social, cultural e educacional e da criação de um programa sustentável que se destina a incentivar o bem-estar social, promovendo o debate de temas como a biodiversidade, as alterações climatéricas, a demografia e pobreza, a desertificação e seca e a educação e saúde.

Assim, parece-me importante que as empresas tenham a capacidade de assegurar que as mensagens corporativas e as campanhas de ‘marketing’ sejam consistentes com a razão social do negócio. Isto será vital para um sucesso continuado e sustentável. Alerto, contudo, que as acções de ‘marketing’ social deverão ser pela positiva e privilegiar uma discussão sobre “o que as empresas devem fazer”, em detrimento de uma discussão sobre “o que as empresas não devem fazer”. Em suma, nos últimos anos, emergiu um novo conceito da sustentabilidade, num momento em que a internet possibilita à sociedade várias formas e meios de protestar contra práticas irresponsáveis. E a sua empresa está atenta?...

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