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quinta-feira, setembro 07, 2006

O Disfarce da Publicidade

Todos nós já passámos pela frustrante experiência de estarmos a ver com grande entusiasmo um filme e sermos interrompidos pela “chata da publicidade”. Não é verdade? Remédio normalmente utilizado: W.C. e zapping. Assim sendo, e com um consumidor cada vez mais informado, exigente e sofisticado as mensagens publicitárias que interrompem o entretenimento têm vindo, nos últimos anos, a perder impacto junto do mercado consumidor.

Com a crescente ineficiência da publicidade na TV, algumas empresas anunciantes de renome iniciaram um processo de mudança substancial no planeamento dos seus investimentos em comunicação. No ano passado, a Unilever, um dos fortes anunciantes mundiais, informou o mercado que diminuiu em 20%, nos últimos 3 anos, a comunicação tradicional em TV e que no futuro esse decréscimo seria mais acentuado. A Coca-cola, uma referência da comunicação publicitária em TV, tem vindo a transferir a comunicação comercial em TV para novas abordagens experimentais e tecnológicas. E outros exemplos como a American Express, a Procter & Gamble e a Ford Motor Company têm vindo a anunciar novas estratégias de comunicação, por considerarem que existem actualmente outras alternativas mais eficientes de comunicar com os consumidores.

Certamente, estaremos recordados da utilização pelo James Bond de uma viatura BMW, do seu relógio Omega e de um telemóvel Nokia. Temos também presente, aquando do 19º aniversário da “Oprah Winfrey Show”, a oferta de um carro “Pontiac” a cada uma das 276 pessoas que assistiam ao programa. Também em Portugal, não esquecemos a série “Médico de Família”, produzida pela Endemol, onde foram utilizados vários produtos de gama alimentar. Mais recentemente temos os chamados “fenómenos televisivos” do momento: “Morangos com Açúcar” e “Floribella”, onde o sucesso destas telenovelas, para além das audiências, atinge também as receitas publicitárias e de «merchandising».

É verdade, o marketing de entretenimento, também vulgarmente conhecido por «Product Placement» e «Soft Sponsoring», está aí em força e revela-se uma fonte eficaz de financiamento dos produtos de entretenimento como séries e telenovelas e, ao mesmo tempo, uma nova forma de as empresas anunciantes aumentarem a eficácia da comunicação das suas marcas e produtos na TV.

Os profissionais de marketing têm procurado novas formas, não tradicionais, de comunicação das suas marcas e produtos junto dos consumidores. Temos um novo Marketing de Entretenimento que conjuga a comunicação com o entretenimento e que pode ser realizado em filmes, TV, jogos de vídeo, música, teatro, livros, entre outros. O consumidor perde a habilidade de optar por não se expor à mensagem publicitária, dado que a mensagem é enviada como conteúdo de entretenimento.

Apesar de raro, mas crescente, um exemplo interessante é o do «product placemen» em livros, consubstanciado através de acordos entre autores e empresas. Em 2004, a Ford britânica promoveu um acordo com Carole Mattews para incluir o «merchandising» do automóvel Focus nos seus futuros livros “The Sweetest Taboo” e “With or Without you”.

Todavia, o marketing de entretenimento para funcionar, independentemente dos «media» utilizados, não pode ser exagerado. A mensagem tem de passar para o consumidor, sem que ele se sinta incomodado. Neste sentido, o «Advertainment» ou «Branded Entertainment» surge como um conteúdo de entretenimento que imita formas de media tradicional, mas que é criado somente como um veículo para promover anunciantes específicos, como filmes de curta metragem, «advergames» e simulacra ambiental.

Assim, a palavra de ordem deverá ser a integração, uma vez que os conteúdos de entretenimento deverão ser pensados de raiz para ficarem integrados na história. Entramos numa nova era e as empresas anunciantes deverão procurar o equilíbrio certo das políticas de «marketing mix» a definir e o marketing de entretenimento deverá fazer parte desse «mix».


Publicado hoje no Jornal de Negócios

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