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quinta-feira, junho 08, 2006

Baixo financiamento afasta universidades dos ‘rankings’

Madalena Queirós


O que é que Oxford, Cambridge e o MIT têm, que a Universidade Técnica de Lisboa não tem? Porque é que as três primeiras universidades ocupam os primeiros lugares dos “rankings” mundiais, enquanto a Técnica nem sequer aparece na lista?

Um financiamento 14 vezes inferior e um número de professores e funcionários que chega a ser oito vezes menor na escola portuguesa, foram as principais diferenças encontradas por Graça Carvalho. “A UTL tem um financiamento 14 vezes inferior a Harvard e quatro a cinco vezes menor que Oxford e Cambridge”, sublinha a antiga ministra da Ciência e Ensino Superior, actualmente responsável pelo gabinete de conselheiros políticos (BEPA) do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso – conclusões anunciadas na abertura do 1º Congresso da Universidade Técnica de Lisboa (UTL).
Mas desenganem-se os que pensam que a grande diferença está só nos níveis de investimento privado. Graça Carvalho concluiu que a maioria das verbas para a investigação desenvolvida pelo MIT é assegurada por fundos públicos. Ao comparar os indicadores, concluiu que o subfinanciamento é um dos principais problemas do ensino superior europeu.
A média de investimento público na U.E. a 25 é, assim, de 1,1% do PIB, enquanto os países que competem com a Europa dedicam pelo menos o dobro das verbas ao ensino superior: Canadá 2,5%, EUA 2,7%, e Coreia do Sul 2,7%.
No investimento privado as disparidades crescem ainda mais: na U.E. o investimento privado ronda os 0,2%, a média dos países da OCDE é de 0,9% e nos Estados Unidos atinge 1,9%.
As diferenças são ainda mais claras no investimento por aluno. Enquanto Portugal investe em média cinco mil euros/ano por cada estudante que frequenta o ensino superior, a Europa investe em média 8600 euros/ano. Nos Estados Unidos o investimento é superior a 20 mil euros. Graça Carvalho afirma que existe uma “relação directa entre investimento em Educação e crescimento do PIB”. Por cada ano a mais de escolaridade da população activa o Produto Interno Bruto cresce, diz, entre 0,3% e 0,5%.
Para quebrar este círculo vicioso, a UE propõe uma lista de medidas: “É urgente aumentar e diversificar as fontes de receitas das universidade”, “aumentar o investimento público na investigação e ensino”, “criar um sistema fiscal favorável ao aumento de investimentos privados”, “aumentar sistemas de vendas de serviços de aprendizagem ao longo da vida, o que permitirá às universidades tirar vantagens das suas actividades de investigação” e “acompanhar o aumento das contribuições dos estudantes com sistemas de acção social escolar”. Outras das receitas apontadas por Graça Carvalho é aumentar a “cooperação entre universidades e indústria” para concretizar a “transferência de tecnologia” e de fundos privados.

MIT europeu
Criar redes de investigação europeias por áreas, sem que haja uma sede física, é o principal objectivo do futuro Instituto Europeu de Tecnologia (IET).
A estratégia passa por criar equipas que envolvam várias universidades, centros de investigação e empresas de toda a Europa, anunciou Graça Carvalho, a conselheira do presidente da Comissão Europeia para a Ciência – generalizando, assim, a experiência que envolveu o lançamento do ITER, o maior projecto de investigação da energia de fusão nuclear criado na Europa.
Outra das funções que o instituto vai desenvolver será a formação pós-graduada, “atraindo investigadores e estudantes de todo o mundo”.

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